Apoiadores do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) ameaçaram “metralhar” o padre Volnei Luiz Weber, 52, da Paróquia São José Operário, da Diocese de Rondonópolis (a 212 km de Cuiabá). O motivo da hostilidade foi a paróquia alugar o salão da igreja para um evento em comemoração ao aniversário do ex-presidente Lula (PT), oponente do candidato de direira. O padre fez um boletim de ocorrência na última terça-feira (25) relatando as ameaças.
O evento seria realizado nesta quinta-feira (27), quando Lula faz 77 anos, mas o bispo da diocese, Dom Maurício, decidiu romper o contrato de locação diante da reação da comunidade local e pela segurança do padre.
“Estava rolando em grupos de WhatsApp de Rondonópolis pessoas falando que iriam metralhar ele”, disse uma funcionária da paróquia. “Além disso, ameaçaram fazer um protesto neste sábado aqui na paróquia [contra o ato]”, relata a trabalhadores que diz também ter sido ameaçada.
“A irmã dele ligou aqui chorando para ele ir pra casa e se afastar da paróquia por, pelo menos, 15 dias, porque as pessoas falaram que viriam aqui metralhar ele”.
O espaço havia sido reservado pelo prefeito de Rondonópolis, José Carlos do Pátio (Solidariedade), apoiador de Lula. Contudo, após os relatos de ameaças, o evento na paróquia foi cancelado e o dinheiro devolvido à organização.
A funcionária, que conversou com a reportagem do GD, se disse surpresa com a reação dos apoiadores extremistas do presidente e afirmou que é frequente a locação do espaço para eventos políticos e de outros tipos.“O salão é aberto ao público, para todos. Alugamos no primeiro turno e não tivemos burocracia nenhuma”.
Em uma carta escrita em nome do “povo católico da cidade de Rondonópolis” e endereçada ao Bispo Dom Maurício da Silva, foi solicitado o cancelamento do evento “diante da situação tão difícil em que se encontra o país e por causa da polarização da eleição”.
O documento cita ainda supostas pautas defendidas pelo ex-presidente Lula, que, segundo consta no texto, são contrárias à fé católica como o aborto, ideologia de gênero e acusa o petista de ser “amigo da ditadores”.
O GD tentou falar com o padre, mas não conseguiu contatar. A reportagem também procurou a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para comentar o caso, mas as ligações não foram atendidas.
Fonte: Gazeta Digital
