Senadores de Mato Grosso apontaram possível prejuízo em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Ministério da Educação (MEC) neste momento, devido ao período de pré-campanha eleitoral.
A possibilidade de uma investigação contra o órgão foi revivida no Senado Federal pelo congressista Randolfe Rodrigues(Rede-AP), que afirmou já ter as assinaturas necessárias para criação da CPI.
A discussão já havia sido feita em março, quando um número suficiente de senadores se mostraram a favor da apuração. Contudo, os parlamentares recuaram em abril e o debate voltou de forma mais acentuada na quarta-feira (22), com a prisão do ex-ministro de Educação, Milton Ribeiro.
A reportagem entrou em contato com os senadores Welligton Fagundes (PL), Fábio Garcia (União Brasil) e Margareth Buzetti sobre seus posicionamentos diante de uma possível investigação no Ministério da Educação.
Fagundes apontou não ter avaliado a situação na íntegra, mas adiantou que uma CPI poderia levar um viés político neste momento. “Existem outros órgãos de controle para investigar, por isso é necessário aguardar avaliação e resultado das investigações”, disse o senador.
Já Buzetti afirmou o “momento pré-eleitoral é algo que pode prejudicar o escopo de uma CPI, que deve ser isenta e ter o tempo necessário para apurar a que se propõe”. Assim como Fagundes, a senadora apontou que a escolha mais acertada seria deixas as investigações apenas na esfera da Polícia Federal.
A assessoria de Garcia apontou que o senador não teve contato com o requerimento de Randolfe e, por conta disso, não sabe como se posicionar diante da discussão.
Proposta de CPI
Em coletiva na manhã desta quinta-feira (23), o senador Randolfe afirmou já ter conseguido as 28 das 27 assinaturas mínimas necessárias para abertura da CPI. Contudo, apontou que só irá protocolar o documento quando tiver mais apoio.
“Não protocolaremos ainda no dia de hoje (quinta-feira) esse requerimento de comissão parlamentar de inquérito. Aguardaremos pelo menos até a próxima terça-feira”, disse o senador, segundo a Agência Senado.
Escândalo no MEC
Ribeiro foi preso na Operação Acesso Pago, da Polícia Federal, que apura tráfico de influência de pastores e corrupção para a liberação de recursos públicos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), vinculado ao MEC (Ministério da Educação).
O ex-ministro é suspeito de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
De acordo com as investigações, o esquema consistia na indicação, pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, de prefeituras que deveriam receber verbas do ministério.
Em troca, a suspeita é que os religiosos tenham cobrado propina para influenciar as decisões tomadas em Brasília. A Polícia Federal reúne documentos, registros de entrada e saída da sede da pasta e depoimentos de testemunhas.
Fonte: Gazeta Digital