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Veja rotina do profissional que mata mais de mil bois por dia ‘no automático’

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Fora dos horários de pico, a paisagem de pouco movimento em frente à Marfrig engana quem passa rapidamente. Se não fosse o porte industrial das instalações, que abrigam cerca de 4 mil colaboradores, os mais desatentos poderiam incorrer no erro de não notarem o trabalho dioturno realizado por diversos profissionais dentro do complexo, dentre eles os magarefes.

 

Pouco usual aos que estão fora do meio, o termo magarefe sintetiza um profissional de várias funções, que guardam em comum o abate de bovinos. No dito popular, é a pessoa conhecida por “matar boi”. Contudo, conforme garante seo Divino Milton da Silva, a profissão é mais complexa e recheada de fases que requerem muito estômago.

 

À reportagem do GD, seo Divino relembrou os tempos em que era magarefe e se orgulhou de hoje ser a pessoa responsável por ensinar quem quer mergulhar nesse universo dos abates. Colaborador do frigorífico desde 2007, o profissional contou com detalhes como escalou a carreira de auxiliar de produção a instrutor de magarefe.

 

Dentro da sala de negociação do gado, onde a compra e venda de bovinos é realizada, o instrutor compartilhou informações sobre a primeira zona de abate, a “área quente”. Nesse espaço onde atuam os magarefes, os bois são atordoados, degolados, passam pela sangria e pelo rolamento – que é a retirada da pele.

 

Apesar do choque das cenas de abate, que podem ser viscerais para quem vê pela primeira vez, seo Divino garante que com o tempo o processo se torna automático. Dessa forma, segundo ele, com alguma disposição, e milhares de bois ao longo de poucas semanas, os iniciantes logo se tornam hábeis em suas tarefas.

 

“Só no começo (o choque), passou mais tempo já cai no costume. Daí, fica tudo normal, no automático. Isso aconteceu até comigo quando eu entrei. Eu nunca tinha visto. Na época que eu entrei, o primeiro que mandaram foi para ver a ambientação. Subimos lá em cima no box para ver o atordoamento do boi. Esse daí até que foi. Mas, teve gente que quando desceu para ver a sangria saiu para fora e não voltou até hoje”, relembra.

 

Hoje, segundo o instrutor, a produção média em seu turno é de cerca de mil abates diários. Contudo, em épocas de maior demanda, o número chega à casa dos 1,3 mil e até 1,5 mil abatimentos por dia. Quando considerada a produção dioturna, com a soma de todas as equipes, a métrica diária pode chegar próxima aos 2 mil abates.

 

Mas que não haja dúvidas, a produção é totalmente organizada apesar do número expressivo de abates, conforme garante seo Divino. Segundo o instrutor, na verdade, o trabalho do magarefe começa antes mesmo de chegar à Marfrig. A pessoa que trabalha no setor de abatimento deve tomar cuidados pessoais para garantir a higiene no ambiente de serviço.

 

“Desde casa começa o processo. É barba, piercing, unha pintada, para as mulheres os brincos, nada disso pode. Nas duas entradas têm dois banheiros. Quando chega, tem que lavar a bota, lavar tudo certinho. Depois, passa o álcool. Tem a máscara também que não pode tirar”, lembra o instrutor sobre algumas das regras para quem é magarefe.

 

Entusiasmado em falar sobre a profissão, ele garante que há muitas chances de crescimento no ramo. A partir de auxiliar de produção, os iniciantes podem se tornar magarefe I (com o conhecimento de no mínimo 3 funções), magarefe II e magarefe III. No auge da carreira, os mais experientes avançam para cargos de liderança e instrução dos mais novos, a exemplo de seo Divino, que garante o sustento da família com o trabalho.

Fonte: Gazeta Digital

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