A vereadora de oposição Michelly Alencar (DEM) afirmou que não vê mancha ao Legislativo cuiabano em razão de parte do afastamento do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) do cargo ser motivada por nomeações de indicados políticos – entre eles vereadores – a fim de garantir apoio dentro da Casa de Leis.
Ela defendeu que indicações são atos comuns na política, mas criticou a postura de membros da base que trocavam as nomeações por aliança, afirmado que eles acabam por atuar como um “colarinho do Executivo”.
“Não defendo tantas indicações, sou contra essa apelação de dar apoio se indicação for aceita e que a aliança seja feita com base nisso”, afirmou.
Esses vereadores atuam como um colarinho do Executivo, estão amarrados a essas contratações. É uma maneira equivocada de pensar a política para a nossa cidade
“Esses vereadores atuam como um colarinho do Executivo, estão amarrados a essas contratações. É uma maneira equivocada de pensar a política para a nossa cidade”, criticou a democrata.
Para a vereadora, apesar das indicações feitas pelos vereadores, a responsabilidade recai completamente sobre Emanuel, uma vem que ele seria o responsável por fazer a seleção dos contratados.
“Quem dava o aval para essas contratações é o prefeito e ele que era o responsável por fazer essa seleção, ver se havia capacidade técnica, se havia realmente vaga para aquela quantidade de indicações. Então, isso é estritamente feito pelo gestor”, disse.
Michelly ressaltou que, apesar de não concordar, indicações políticas sempre existiram e não são proibidas.
“O que é proibido é a maneira com que tudo isso acontecia: pagamento de ‘mensalinho’, contratações sem requisito técnico e em demasia. A forma de fazer isso não era com o objetivo que se espera de um gestor. Ele mesmo chamou de ‘canhão político’”, criticou.
Operação Capistrum
Deflagrada pelo Ministério Público Estadual em conjunto com a Polícia Civil, a Operação Capistrum apontou a existência de um esquema dentro da Secretaria de Saúde de Cuiabá de contratações temporárias irregulares, de pessoas que muitas vezes nem tinham capacidade técnica para atuarem nos cargos exercidos, e com pagamento indevido de “prêmio saúde”.
O objetivo seria acomodar indicações de políticos para garantir apoio à gestão do prefeito.
Além de Emanuel, também foram afastados do cargo a secretária-adjunta de Governo e Assuntos Estratégicos, Ivone de Souza, e o chefe de Gabinete do prefeito, Antônio Monreal Neto – este último ainda foi preso, mas já liberado com uso de tornozeleira.
Também foram alvos da operação a primeira-dama Márcia Pinheiro e o ex-coordenador de Gestão de Pessoas da Secretaria Municipal de Saúde, Ricardo Aparecido Ribeiro.
Todos foram alvos de mandados de busca e apreensão e também tiveram o sequestro de bens decretado até o montante de R$ 16 milhões.
O Ministério Público Estadual diz que Emanuel e os demais estariam envolvidos em crimes de formação de organização criminosa, prevaricação e obstrução da Justiça.
Segundo afastamento
Na última quarta-feira (27), Emanuel voltou a ser afastado do cargo, agora por 90 dias. O juiz Bruno D’Oliveira Marques, da Vara Especializada em Ação Civil Pública e Ação Popular de Cuiabá, atendeu a um pedido liminar feito pelo Ministério Público Estadual (MPE) no âmbito de uma ação civil pública por improbidade administrativa.
Na quinta-feira (28), o desembargador Luiz Ferreira da Silva, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, negou um agravo do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), que tentava voltar ao cargo.
Fonte: Mídia News