Uma viagem frustrada. Assim pode ser classificada a vinda da família Calderón ao Brasil. Colombianos que residem na Flórida (EUA), eles já haviam planejado acompanhar a Copa América em seu país natal e na Argentina, onde a competição estava previamente agendada.
Com o adiantamento dela para cá, mãe e filhos não pensaram duas vezes em seguir com a saga e comprar passagens para assistir ao vivo os jogos de sua seleção em solo brasileiro. O que não sabiam, porém, é que as partidas não teriam público em nenhuma das quatro sedes do torneio.
O trio tinha como roteiro todas as quatro partidas da seleção da Colômbia na fase de grupos, quando a equipe do técnico Reinaldo Rueda passará por Cuiabá, Goiânia e Rio de Janeiro, e apesar dos contratempos, inicialmente ficarão no Brasil até o dia 28 de junho.
Ontem (13) eles se encontravam no portão de acesso das delegações na Arena Pantanal à espera de ao menos uma proximidade com os jogadores colombianos, algo que não aconteceu, já que os ônibus dos jogadores passaram diretamente pela entrada com os vidros fechados, seguindo os protocolos sanitários.
“Estávamos programados para ir à Copa América inicialmente na Colômbia e Argentina, compramos os ingressos para Buenos Aires, decidiram adiar para o Brasil, e aí aqui estamos esperando a seleção. Não sabíamos que não teria público. O lógico era ter público, porque inicialmente teria. Na Colômbia teve público com 30% da população do estádio [contra a Argentina, pelas Eliminatórias], então imaginávamos que aqui seria igual”, disse Julia Calderón, que estava na companhia dos meninos Bryan e Harry.
A família Calderón compunha um grupo total de cerca de 20 colombianos do lado de fora, a grande maioria que atualmente reside em Cuiabá. Dois deles, inclusive, foram para a porta da Arena Pantanal com outro objetivo: o de protestar contra o governo do presidente Iván Duque Márquez e manifestar repúdio ao que consideram uma omissão da seleção da Colômbia em relação aos problemas sociais que o país enfrenta, numa onda de protestos que já gerou mortes e incontáveis episódios de violência policial. Eles carregavam cartazes e desabafavam sobre toda a situação.
Já o restante preferiu se divertir com o simples fato de estar próximo do ônibus da seleção. Após a partida, muitos ainda permaneciam no local entoando cânticos colombianos e já “animados”. A reportagem não encontrou equatorianos do lado externo da Arena Pantanal.
Em campo, a Colômbia venceu o Equador por 1 a 0 com um bonito gol de Cardona em jogo válido pelo Grupo B, o mesmo do Brasil.
Bruno Braz / UOL Esporte