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Em Cuiabá, trabalhadores rurais cobram terra e assistência a assentados

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Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: Reprodução/Assessoria

Cerca de 500 trabalhadores rurais, acampados e assentados de todas as regiões do Mato Grosso, ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-MT), em Cuiabá, nesta quarta-feira (9). Organizados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pela Comissão Pastoral da Terra (CPT-MT), os camponeses exigem o direito à reforma agrária.

Para desocupar o prédio do Incra, os acampados demandam uma audiência com o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, para tratar das reivindicações.

Dentre as exigências, estão: o destino de terras públicas griladas para assentamentos, com garantia de recursos para desapropriação e aquisição de terras; acesso à terra para as famílias e condições para permanecerem nela, com crédito, fomento, moradia e infraestrutura; e investimentos para fortalecer a produção nos assentamentos de alimentos saudáveis, garantindo a geração de trabalho e renda.

De acordo com Valdeir Souza, membro do MST, a reunião com o ministro Paulo Teixeira se faz importante porque Mato Grosso está “ficando para trás” na política de reforma agrária do governo federal.

“Nossas pautas estão paralisadas no Incra-MT. Dentro do cenário de Mato Grosso, onde você tem um avanço da produção de grãos, de commodities para exportação, você tem um avanço de grilagem e uma grande quantidade de terras devolutas, terras públicas griladas, você não ter um avanço da reforma agrária é um contrassenso”, argumentou.

Valdeir ainda argumenta que um estado do tamanho de Mato Grosso deveria garantir o direito à terra para as famílias no campo.

“Nós temos aqui assentamentos que ainda sofrem os ataques do agronegócio, do processo de grilagem, invasão, agrotóxico. Então, não adianta só jogar as pessoas em cima de um pedaço de terra e achar que isso vai resolver alguma coisa”, alega.

Reprodução/Assessoria

marcha mst cpt

“Num estado que coloca Cuiabá como a capital do agronegócio, em Mato Grosso existem muitas famílias acampadas há muitos anos, algumas há mais de 15, 20 anos esperando acesso à terra, que é um direito garantido pela nossa Constituição”, completou Valdeir.

Os trabalhadores também questionam a defasagem nos dados do Incra-MT referentes ao número de famílias acampadas. Apenas 877 famílias estão cadastradas no Programa Terra da Gente, lançado em 2024 pelo governo federal. Contudo, segundo o Cadastro Único (CadÚnico), são 5.137 famílias acampadas no estado.

Antes da ocupação, os trabalhadores se encontraram na Praça Alencastro e marcharam até a sede do Incra-MT.

O ato faz parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, também conhecida como “Abril de Lutas”, que se iniciou no ano seguinte ao Massacre de Eldorado do Carajás, em 1996, no Pará, quando 21 trabalhadores foram assassinados e 69 foram mutilados por agentes públicos do estado. Desde então, a data tornou-se um marco nacional e internacional da luta camponesa pela reforma agrária.

Luana Bianchin, integrante da CPT-MT, a ocupação aconteceu de forma pacífica, tanto da parte dos movimentos sociais quanto do Incra.

“A ocupação vai continuar até essa audiência [com o ministro Paulo Teixeira]. Então, nós vamos permanecer aqui enquanto é até a gente ter uma resposta concreta, oficial, nada de promessas”, contou.

Reprodução/Assessoria

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Além do Incra, os trabalhadores rurais também cobram respostas do Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat). Bianchin ainda ressalta a importância da atuação de órgãos que fornecem assistência aos camponeses, como a Secretaria de Estado Agricultura Familiar (Seaf-MT) e a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer-MT).

A reportagem tentou contato com o Incra-MT, mas não obteve resposta até esta publicação.

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