Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: Divulgação
Lançado nessa quarta-feira (2), o documentário “Grilo”, dirigido e produzido por Luiz Gustavo Stühler, natural de Juruena (880 km a noroeste), retrata as invasões de terras privadas que ocorreram há nove anos na região. O Sindicato Rural de Juína (735 km a noroeste) denunciou, na época, que ao menos 22 propriedades foram invadidas por quadrilhas, incluindo a Fazenda Rosahmar, da família do diretor.
Adquirida em 1980, a fazenda possuía 25 mil hectares, sendo ao menos 6 mil destinados ao manejo florestal sustentável com selo verde. A invasão da propriedade despertou em Luiz Gustavo o desejo de documentar e transmitir tudo que foi vivido na região, especialmente o pânico causado e os danos ambientais. Traumas que são pessoais e também refletem no planeta.
Em entrevista ao GD, ele relatou que, ao longo da vida, viu muitos proprietários perderem suas terras em Juruena. “A invasão da Fazenda Rosahmar é uma história de uma grande exceção, essa é a grande verdade, porque ela foi invadida, ficou aí 8 meses mais ou menos, entre saídas e novas invasões, mas no final das contas, a fazenda continuou nossa”, disse.
Com olhar cítico, Luiz Gustavo também utiliza o documentário para cobrar penas mais severas para todos que praticam invasões de terras.
Os crimes cometidos na área não causaram apenas prejuízos ambientais e econômicos, mas também expôs sua família e trabalhadores a momentos de terror.
Seu pai, que chegou a ser prefeito da cidade, teve a vida ameaçada. Os caseiros da fazenda também foram vítimas da violência. As pessoas chegavam armadas, gritando e dando tiros para cima.
No início da invasão, a maior preocupação era com os danos ambientais, mas logo surgiram sinais de violência explícita contra os trabalhadores, retratadas no filme.
As invasões resultaram na destruição de quase 17 milhões de metros quadrados de vegetação nativa, o equivalente a 1.700 campos de futebol. Estima-se que a floresta levará mais de 20 anos para se recuperar.
Além dos impactos ambientais, as invasões trouxeram graves consequências econômicas e sociais. A empresa da família de Luiz Gustavo operou por 41 anos e chegou a empregar mais de 3.500 funcionários, mas foi forçada a fechar após os conflitos.
“O que sobra é um drama enorme, é um drama pessoal, muito verdadeiro, muito traumático, tem reflexo até hoje com meus pais principalmente. Além disso, a empresa fechou as portas, os funcionários foram demitidos, a fazenda não existe mais, então tudo isso é muito traumático.”
Ao todo, a fazenda sofreu com 4 invasões e 6 operações policiais. Apesar do impacto da invasão, o documentário tem como objetivo principal evidenciar a riqueza da floresta amazônica e a necessidade de respeitá-la, além de mostrar as consequências das invasões de terras, tanto para os proprietários quanto para o meio ambiente.
O documentário “Grilo” pode ser assistido no YouTube, no canal youtube.com/@documentariogrilo.