Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: Chico Ferreira
No fim do ano de 2019, o mundo foi pego de surpresa com o vírus SARS-CoV, conhecido também como covid-19, na cidade de Wuhan, na China. Não demorou muito para que a doença se espalhasse e atingisse várias localidades pelo mundo. Em Mato Grosso, cerca de 940 mil pessoas foram contaminadas pela doença e 15 mil perderam suas vidas.
No Brasil, o primeiro caso de covid-19 foi registrado no dia 26 de fevereiro de 2020, quando um morador de São Paulo, que viajou a trabalho para a Itália, voltou para o país contaminado com pelo vírus.
Cerca de 14 dias depois, em 11 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou estado de pandemia devido ao coronavírus. Mas, foi apenas no dia 20 de março de 2020, que o então prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), publicou o Decreto n.º 7.849, declarando a situação de emergência do município.
Mesmo com o decreto, Cuiabá não aderiu completamente à quarentena e diversas atividades continuaram funcionando normalmente. Havia grande conflito entre fechar e abrir o comércio. De um lado os empresários temiam os prejuízos e queriam abrir as portas, de outro profissionais da saúde alertavam para o alto risco de contaminação sem o lockdown.
Foi apenas após a primeira morte em Mato Grosso, no dia 3 de abril de 2020, que o prefeito decretou estado de quarentena do dia 6 de abril a 10 de maio. A vítima foi o gerente de supermercado, Luiz Nunes, 54, que estava internado desde o dia 29 de março. O prazo prorrogado por diversas vezes durante os meses que antecederam a chegada da vacina.
Avanço e Centro de Triagem
Em julho, Mato Grosso já registrava cerca de 2,3 mil mortes por covid e 35 mil mortes. Foi quando o Estado criou o Centro de Triagem de covid-19, na Arena Pantanal, que permitiu atender não só moradores da Capital, como de diversos municípios da Baixada Cuiabana.
No local, os pacientes passavam por testes, recebiam medicamentos e, em casos mais graves, eram transferidos para uma unidade de saúde para receber atendimento médico adequado.
Neste mesmo mês, o Brasil recebeu a primeira proposta pela compra de vacinas do Instituto Butantan, mas ficou sem resposta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Eram 60 milhões de doses, que seriam entregues no último trimestre daquele ano. Em dezembro, o laboratório tinha quase 10 milhões de doses da CoronaVac (5,5 milhões de doses prontas e 4 milhões em processamento).
Além desta, o presidente negou propostas de outras empresas farmacêuticas como a Pfizer e a AstraZeneca. Devido ao atraso para a compra do insumo, a vacinação no mundo começou no final de 2020, enquanto no Brasil, apenas em 17 de janeiro.
A primeira pessoa a ser vacinada no país foi a enfermeira Mônica Calazans. A ação foi transmitida em todo país e emocionou quem assistiu aquele que foi o primeiro suspiro de esperança em meio ao crescente número de contaminação e mortes.
No dia 14 de janeiro, milhares de doses foram distribuídas por todo o Brasil, chegando a Mato Grosso e sendo distribuída de forma escalonada, priorizando pessoas com comorbidades, gestantes e puérperas, aqueles com deficiência e idosos.
Mesmo com a chegada da vacina, a distribuição ocorreu de forma lenta, o que não conteve o avanço da doença. Por isso, no dia 30 de março de 2021, foi implementado a quarentena coletiva obrigatória, por 10 dias, em Cuiabá. Com a aplicação da medida, imposta por meio de decisão judicial, de 31 de março até o dia 9 de abril, foi liberado no território municipal o funcionamento apenas das 54 atividades consideradas essenciais.
Medo e luta pela vida
Foi em março que a corretora de seguros Runésia de Arruda foi infectada juntamente com sua família. Ela e dois irmãos foram diagnosticados com a Covid-19 e precisaram ser entubados em uma Unidade de Tratamento Intensivo. Dos 3, apenas ela sobreviveu.
“Foi uma experiência horrível. A Covid-19 é uma doença que eu não tinha medo, me protegia do jeito que podia, com álcool e mascaras, mas não achei que fosse ficar ruim, já que eu não fazia parte do grupo de risco. Foi quando eu estava sendo internada, sem conseguir respirar, que dei por mim que a doença matava”, contou.
Foram 7 dias na UTI, dentre eles, 4 entubada, e mesmo cerca de 3 anos, a empresária ainda sofresse com sequelas da doença e do período que viveu durante a pandemia.
“Depois que eu recebi alta, tive que lidar com a perda de dois irmãos contaminados pela Covid-19. Com as mortes, desenvolvi ansiedade e hoje faço uso de medicamento controlado. Além do fator psicológico, meu sistema imunológico nunca mais foi o mesmo, sinto dores no corpo e preciso sempre estar fazendo exames de rotina e atividades físicas”, finaliza.
Em outubro de 2021, Mato Grosso já havia recebido cerca de 4,6 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 e aplicado 3,5 milhões. Mesmo com a primeira dose da vacina, diversas farmacêuticas responsáveis pela criação dos anticorpos, recomendaram a aplicação de duas ou mais doses, para que a proteção fosse completa.
Ainda, sim, mais de 395 mil pessoas foram contaminadas pela doença até os dias atuais. Em contrapartida, o número de mortes reduziu de forma drástica, devido à eficácia da vacina, 1.627 pessoas morreram contaminadas com a covid-19, no período de outubro de 2021 a março de 2025.
Com a utilização de máscaras, álcool e gel e aplicação da vacina, os casos foram diminuindo aos poucos em todo Brasil, fazendo com que a rotina das pessoas voltassem ao normal gradualmente.
Foi apenas no dia 5 de maio de 2023 que a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou o fim do status de emergência global pela pandemia de Covid-19.
Com a diminuição do número de casos devido à ampla vacinação, foi instaurado uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia apresentado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL)
O texto pediu o indiciamento de 78 pessoas, entre elas o atual presidente da época Jair Bolsonaro, pelo atraso da compra das vacinas, propagação de fake news, a falta de coordenação com governos estaduais e municipais, além das mortes pvocadas pelo uso de tratamentos sem respaldo científico contra a covid-19, como a Ivermectina e a Hidroxicloroquina.