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Há 100 anos, explorador britânico desaparecia em Mato Grosso

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Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: Reprodução

Há 100 anos, em meados de janeiro de 1925, o coronel Percy Fawcett, explorador e arqueólogo britânico, comprou um chapéu Stetson. Ele tinha o hábito de sempre adquirir um chapéu antes de uma nova expedição. Poucos dias depois, ele embarcaria, na companhia de seu filho, Jack Fawcett, 21, e o melhor amigo, Raleigh Rimell, para sua última excursão. O destino era o Brasil, mais especificamente a Serra do Roncador, no interior de Mato Grosso, onde acreditava existir uma cidade perdida, a qual batizou de “Z”.

Naquele mesmo mês, o coronel arrumou as malas, se despediu da esposa, Nina Paterson, do filho mais novo, Brian Fawcett, e embarcou no navio, com Jack e Raleigh, rumo ao Rio de Janeiro.

A primeira experiência de Fawcett na América do Sul ocorreu em 1906, quando veio ao Brasil para demarcar as fronteiras entre o país tupiniquim e a Bolívia, em um trabalho para a Royal Geographical Society (Sociedade Geográfica Real).

Em 1920, Fawcett já havia viajado para a Amazônia brasileira, em busca da tal civilização perdida. Ele acabou desistindo depois de ter que matar seu cavalo e ficar sem mantimentos. A busca pela “cidade Z” teria que ser adiada por mais algum tempo.

Depois de encontros com o embaixador inglês no Brasil, John Tilley, e com o ministro da Agricultura do governo Artur Bernardes, Miguel Calmon, Fawcett e seus dois acompanhantes chegaram a Cuiabá no dia 4 de março de 1925.

Essa relação de Fawcett com a elite política brasileira da época não era inédita. Em 1920, por exemplo, ele se reuniu com o presidente Epitácio Pessoa e com o Marechal Cândido Rondon. O encontro com Rondon, inclusive, foi tumultuado. O marechal mato-grossense não gostava da ideia de expedições estrangeiras no Brasil.

De acordo com as cartas do coronel, ele teria partido de Cuiabá, no dia 20 de abril de 1925, para o que seria sua última expedição. O derradeiro registro de Fawcett é do dia 29 de maio daquele mesmo ano, quando enviou uma carta para a esposa. “Você não precisa temer nenhum fracasso”, foram suas últimas palavras.

Nunca mais se ouviu falar em Percy, Jack ou Raleigh. Acredita-se que os 3 tenham sido mortos por alguma tribo indígena ou por condições da selva, como ataques de animais ou doenças. Alguns acreditam, porém, que Fawcett encontrou a tal “cidade perdida”, onde viveu mais alguns anos liderando uma civilização desconhecida.

Divulgação

fawcett em expediçao

Fawcett em expedição na nascente do Rio Verde

Antes de embarcar para o Brasil, o coronel pediu que, caso não voltasse, nenhuma expedição à sua procura fosse feita. O pedido, contudo, foi ignorado, e diversas excursões chegaram à região em busca de Fawcett e seus dois acompanhantes.

Nina, esposa do explorador, morreu aos 83 anos, em 1954, certa de que o marido estava vivo.

Ossos no Xingu
Uma das expedições em busca de Fawcett aconteceu em 1952. O sertanista Orlando Villas Bôas, em contato com índios kalapalo, ouviu que eles teriam matado o coronel e seus acompanhantes. O corpo do explorador britânico estaria em uma cova, na região do Xingu.

Lá, restos mortais foram encontrados. Depois de exames antropométricos, os resultados indicaram que a ossada correspondia a um homem muito mais baixo do que Fawcett era.

Villas Bôas, contudo, morreu com a convicção de que se tratavam dos ossos do explorador.

Mais expedição
O jornalista Hermes Leal refez, em 1996, boa parte do trajeto de Fawcett no interior mato-grossense. Ele estudou todo o material que se tinha sobre o explorador britânico e percorreu milhares de quilômetros de trilha em sua busca, além de mirar na tal “cidade perdida”.

“A ideia de fazer a expedição do Fawcett tinha muito a ver com investigar alguma pista que a gente pudesse achar sobre o desaparecimento dele. A expedição foi muito baseada nas cartas e no diário dele”, afirmou o jornalista ao GD.

Durante a expedição, Hermes chegou a ser sequestrado por indígenas no Xingu, mesma região em que muitos acreditam que Fawcett teria morrido.

A aventura deu origem ao livro “O Enigma do Coronel Fawcett” (1996).

Reprodução

serra do roncador

Serra do Roncador

A Serra do Roncador é uma cadeia montanhosa localizada nos municípios de Barra do Garças e Nova Xavantina. Ela é conhecida pela sua beleza natural e biodiversidade, mas também por diversas lendas e mistérios.

Turistas do mundo inteiro procuram a serra por conta de místicas envolvendo a região, como a própria história do coronel Fawcett. Além disso, o local é destino para muitos que procuram conexões espirituais e profundas com a natureza.

O ativista ambiental Mauro Ferreira da Silva, conhecido como Maurinho, é proprietário do Park Portais do Roncador, que faz trilhas e fornece hospedagem para turistas na Serra do Roncador. Ele explica que a trilha pelo Roncador abrange a importância biológica da região, a contemplação da paisagem e o misticismo.

“Meu turismo é voltado para o místico e o científico. Quando se fala no Fawcett, é o místico. Tudo que diz respeito ao Roncador, nessa questão de lendas e misticismo, foca na história do coronel Fawcett”, contou ao GD.

Maurinho ainda manifestou o interesse em concretizar um sonho antigo de construir uma estátua de Percy Fawcett e um museu com sua história no local.

Legado para a cultura pop

A história de Percy Fawcett não terminou em 1925, com seu desaparecimento. Os mistérios e a história inquieta do explorador motivaram diversas pesquisas e investigações durante o último século.

Acredita-se que Indiana Jones, personagem eternizado por Harrison Ford, foi inspirado na história de Fawcett.

O livro “Z – A cidade perdida”, de David Grann, ficou na lista de “best-sellers” (os livros mais vendidos) do jornal The New York Times.

Os direitos cinematográficos do filme foram comprados por Brad Pitt que, em 2016, produziu um longa-metragem, homônimo do livro, dirigido por James Gray, e estrelado por Charlie Hunnam, Robert Pattinson, Tom Holland e Sienna Miller.

Reprodução

z a cidade perdida

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