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Anualmente, as pessoas aproveitam o começo do ano para procurar estilos de vida mais saudáveis, alterações de comportamento e conquistas pessoais. Contudo, se esses objetivos não forem alcançados, há grandes chances de afetar a saúde mental. Pensando nisso, o “Janeiro Branco” foi estabelecido para alertar a população sobre a relevância de cuidar do emocional, na prevenção das doenças ligadas ao estresse, como ansiedade, depressão e pânico.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) destaca que a depressão e a ansiedade aumentaram mais de 25%, apenas no primeiro ano da pandemia de Covid-19. Um estudo epidemiológico do Ministério da Saúde revela que, em média, até 15,5% da população brasileira pode sofrer depressão ao menos uma vez ao longo da vida.
Vem crescendo o número de pessoas diagnosticadas com depressão em Mato Grosso. Em 2019, o número chegou a 205 mil entre cidadãos com 18 anos ou mais. É o que mostra a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada em 2021 pelo IBGE.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mato Grosso tem 205 mil pessoas diagnosticadas com depressão. Desse total, segundo a pesquisa do órgão, 165 mil são mulheres e 40 mil são homens.
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Em entrevista ao GD, a Psicóloga Bianca Boscoli, formada pela Universidade Federal de Mato Grosso, com passagens pela Stanford University (EUA), Universidade do Algarve e Universidade Beira do Interior (Portugal). Atualmente, está em Aperfeiçoamento Clínico na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Atua em Cuiabá oferecendo atendimento psicoterapêutico de abordagem psicanalítica.
Ela afirma que a resposta pode estar em enxergar o ser humano todo, adotando uma visão biopsicossocial do ser humano. Isso significa entender que cuidar da mente envolve não apenas reflexões internas, mas também o cuidado com o ambiente social em que estamos inseridos, a necessidade de priorizar momentos de pausa, lazer e passatempos, além de cultivar uma alimentação equilibrada, sono de qualidade e a prática regular de exercícios físicos.
” Campanhas como o Janeiro Branco vêm reforçar essa ideia e nos lembrar de que a atenção à saúde mental deve ser uma prioridade em nossas vidas”.
Segundo a psicologa, os erros existem em qualquer área e profissão, entretanto, como mencionado, no Brasil está havendo uma tendência de criminalizar o sofrimento psíquico.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é um dos países com maior prevalência de transtornos mentais no mundo e terapias com bases nesses diagnósticos estão cada vez mais em alta.
“Por isso, caso necessário, é de suma importância procurar profissionais que realizam diagnósticos e tratamentos diferenciados, levando em conta a sua subjetividade e não apenas os seus sintomas, pois os sintomas em certas fases da vida não são patológicos” diz Bianca.
A profissional destaca ainda que sentir ansiedade, tristeza ou mesmo perceber sintomas físicos (somatizações) é algo comum, especialmente diante de situações como perdas, conflitos no trabalho ou dificuldades de relacionamento. Porém, quando essas sensações persistem ou se tornam crônicas, podem sinalizar um transtorno mental e será necessário um diagnóstico.
O tratamento ideal é aquele que considera a individualidade, existindo muitas opções. “A título de ilustração, alguns são psicoterapias, grupos terapêuticos, grupos operativos (focados em tarefas específicas), tratamento medicamentoso, entre outros”, orienta a psicologa.
Por fim, a especialista indica quais são as principais perturbações mentais e indica onde buscar auxílio, caso sintam alguns desses sintomas ou emoções mencionados, veja abaixo:
Depressão
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
Transtorno Afetivo Bipolar
Esquizofrenia
Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD);
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH);
Transtornos Globais do Desenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Profissionais como psicólogos, psiquiatras e grupos multidisciplinares estão aptos a aconselhar e direcionar para tratamentos específicos. No Sistema Único de Saúde (SUS), o primeiro passo é procurar uma unidade de Atenção Primária, onde os profissionais fornecerão as orientações iniciais e as orientações necessárias.
“Não podemos nos esquecer de que a campanha do ‘janeiro branco’ nos lembra que a saúde mental deve ser uma prioridade não apenas individual, mas social. Empresas, escolas, igrejas e instituições podem (e devem) levar esse tema adiante, criando espaços para conversas, acolhimento e ações que promovam bem-estar, agora e durante todo o ano. Demonstrar empatia, oferecer apoio e abraçar essa causa são formas de cuidar de si e do outro. Afinal, saúde mental é saúde integral e merece ser tratada como tal” alerta a profissional.