Os Hospitais filantrópicos de Cuiabá correm o risco de fecharem as portas por falta de repasses da Secretária Municipal de Saúde (SMS) desde outubro de 2022. Prestes a completar 4 meses sem receber nenhum valor, as instituições não têm dinheiro para manter os atendimentos, segundo a Federação das Santas Casas Hospitais Filantrópicos do Estado de Mato Grosso (FEHOSMT).
Ao GD, Wellington Randall, vice-presidente da federação, explicou que a situação chegou a um ponto insustentável, na qual não há condições de seguir com atendimentos aos pacientes. Vidas podem ser colocadas em risco por falta de medicações e estrutura para um bom atendimento.
“Os hospitais que estão sobre a tutela da Prefeitura de Cuiabá não estão recebendo seus repasses, nós estamos aí nesse dilema extremamente difícil, sem os valores fica muito complicado conseguir manter uma unidade hospitalar com tudo que é necessário, porque chega num determinado ponto que você é obrigado a paralisar, porque não há possibilidades de colocar uma vida em risco por falta de estrutura”, pontuou.
Além da falta de repasses feitos para manter a estrutura das unidades, os profissionais também estão sem receber nenhuma quantia. Ainda segundo Wellington, a reunião agendada para a última sexta-feira (20) foi desmarcada. Sem posicionamento as unidades já estão se organizando para suspender os procedimentos e internações caso os repasses não ocorram ainda nesta semana.
“Tinha uma reunião marcada com os hospitais e eles fizeram um compromisso, mas a questão toda é urgente, se não houver uma solução rápida, a coisa vai se complicar, então agora nós vamos hospitais e aí a gente vai ver que decisão que vai ser tomada, vai depender da capacidade financeira de cada um que pelo que dá desconto é quase nenhuma”, explicou.
Segundo dados da federação, as entidades representam 887 leitos de internação e 182 leitos de UTI e foram responsáveis por 48,5% do total de diárias em leitos de UTI adulto, neonatal e UTI Coronariana em 2022. Eles produzem 93% de todos os procedimentos de Alta Complexidade para os usuários do SUS no Estado, 33% de todas as internações de pacientes e 39% dos procedimentos de média complexidade na atenção terciária.
Em contato com a assessoria de imprensa do Hospital Geral e Maternidade de Cuiabá, foi informado que o descumprimento por parte da SMS de decisão judicial de quitação dos valores da produção da entidade no valor de R$ 5.840.000,00, além do não repasse dos valores de cofinanciamento estadual dos leitos de UTI e do FEEF no valor de R$ 1.800.797,32.
O Gd procurou a Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá que encaminhou a seguinte nota:
Sobre o pagamento dos hospitais filantrópicos, a Secretaria Municipal de Saúde – SMS informa:
-Nesta segunda-feira (23) foi realizado o pagamento para o Hospital de Câncer;
-Na semana passada a SMS tentou uma dilação de prazo com o Hospital Geral, que não aceitou e decidiu judicializar o processo;
– O secretário municipal de Saúde, Guilherme Salomão, está organizando os processos de trabalho que foram descontinuados durante o período de intervenção e se compromete a regularizar os repasses dentro do prazo estabelecido pelo juiz.
Fonte: Gazeta Digital