Parecia ser uma manhã normal quando naquela sexta-feira, 4 de junho, os moradores de Nova Bandeirantes (1.020 km ao norte de Cuiabá) foram surpreendidos por uma quadrilha de ao menos 22 de bandidos fortemente armados. Eles se dividiram em dois grupos dentro da cidade e, de forma simultânea, invadiram duas agências bancárias e levaram quase R$ 900 mil. A fuga para a região de mata no entorno da cidade levou a Segurança Pública de Mato Grosso a 58 dia de caçada e que terminou com a morte de 9 assaltantes.
Consta na investigação que, naquele dia o grupo saiu de Alta Floresta com o roteiro do crime todo estudado. Eles se dividiram em duas frentes e seguiram até o local dos roubos. Para mostrar poder e colocar medo na população, roubaram veículos, fizeram barreiras nas ruas e usaram moradores como reféns e ‘escudos’, tanto no começo da ação, quanto no momento da fuga.
Horas depois do roubo, Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Batalhão de Operação Especiais (Bope) e Força Tática das policiais Civil e Militar começaram a atuar no caso. A primeira resposta ao grupo aconteceu 6 dias depois, no dia 10, quando uma caminhonete fugiu da barreira policial montada na estrada.
Os suspeitos chegaram a abandonar o veículo na rodovia e fugiram a pé para dentro da mata. Bope foi acionada, realizou buscas no local e acabou trocando tiro com o grupo. 4 suspeitos foram atingidos e acabaram morrendo. Com eles, foram encontrou R$ 164.731,25 do dinheiro levado no crime, além de roupas militares e armas.
Mais mortes
No dia 21 de junho, mais dois assaltantes morreram em confronto com o Bope. A dupla estava escondida em uma região de mata na divisa de Nova Monte Verde e Nova Bandeirantes, quando resolveram atacar os policiais assim que os flagraram. Os dois morreram no local, onde a polícia recuperou ainda uma quantia de R$ 43.510,75.
Já no dia 26 de junho, Força Tática de Sinop avistou 5 homens armados tentando roubar uma caminhonete. Quando os bandidos flagraram a polícia, começaram a disparar tiros. Ao revidarem, um dos bandidos acabou morto. Com ele, a polícia encontrou uma pistola, uma mochila com rede, roupas e R$ 4.640, além de joias. Outros 4 homens fugiram pela mata.
Nesse mesmo dia, logo após a ação que resultou na morte do suspeito, um veículo tentou ultrapassar uma barreira policial da divisa dos municípios. Após uma troca de tiros, um dos suspeitos também morreu. Ele estava em posse de uma arma de fogo e em seguida foi identificado como um dos participantes do roubo do banco.
A 9ª morte foi confirmada no dia 28, quando as equipes faziam rondas atrás de 4 foragidos em dentro da mata. Segundo a Polícia, uma nova troca de tiros terminou com a morte do criminoso, que estava em posse de arma, munições e uma quantia de R$ 50 mil.
Do Nordeste para MT
Assaltantes do Nordeste com experiência em roubos de banco escolheram a cidade de Nova Bandeirantes ‘a dedo’. Depois disso, passaram um mês estudando o local e contaram com a ajuda de uma ‘rede’ de criminosos para a elaboração do plano. A cidade foi escolhida por ser longe da Capital e cercada pela mata, onde podiam se esconder facilmente.
Delegado Victor Hugo Teixeira, da GCCO, lembrou que a quadrilha estava bem articulada e que trabalhava dividida em 3 grupos:
Logística: alugando casas que serviam de base, veículos, escolhiam acampamentos e esconderijos.
Roubo: o segundo grupo ficou responsável por organizar a dinâmica simultânea dos dois roubos na cidade. A forma que aconteceria, como seria feito, emprego de armas e violência.
Resgate: por fim, o terceiro grupo era o responsável em resgatar os criminosos que ficariam escondidos dentro do mata durante a caçada policial. Eles tinham que traçar estratégias e rotas de fuga em acordo com a logística.
Empresário confirmado no crime
O delegado aproveitou para esclarecer que um dos mortos na ação, identificado como Luiz Miguel Melek, tinha sim ligação com a quadrilha. A família do empresário chegou a declarar que ele era inocente e que foi morto com engano pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Victor afirmou Luiz era um dos responsáveis em levar comida para o grupo nos esconderijos. Além disso, uma das caminhonetes usadas no dia do roubo foi encontrada em sua casa.
Recuperado
No balanço policial, foi informado que 75% do valor levado pelos bandidos foram recuperados, equivalente a R$ 573.182, 75. Secretario de Estado de Segurança Pública, Alexandre Bustamente, afirmou ainda que ao menos 100 homens das forças trabalharam durante os quase 60 dias de operação.
Fonte: Gazeta Digital