A modelo Danielle Sarti de Freitas, 22 anos, recebeu alta e deixou Mato Grosso junto com o pai na última sexta-feira (10). A dançarina estava internada desde terça-feira (07), data em que tentou cometer suicídio após denunciar ter sido agredida por um jogador do Cuiabá Esporte Clube.
Em entrevista ao Olhar Direto, Danielle contou que está fazendo acompanhamento psicológico e deve agora passar uma temporada com o pai e a madrasta em um estado, que preferiu não identificar, na região Nordeste do país.
A recomendação de passar o período acompanhada é médica e decorre da tentativa de autoextermínio. Segundo orientação que recebeu em Cuiabá enquanto estava internada, a estudante não pode voltar a morar sozinha em Goiânia, estado onde cursava Biomedicina.
“Estou bem e lúcida, sem álcool”, contou Danielle à reportagem. “Minha mãe mora na Europa tem outra família, eu vim somente com meu pai que é empresário no nordeste”, comentou.
Danielle conta que sempre morou sozinha desde os 18 anos de idade. A decisão de se tornar bailarina aconteceu em fevereiro deste ano, conta ela. Com o salário, ela também decidiu iniciar o curso de Biomedicina em uma universidade.
“Pelo dinheiro e por não precisar ficar com ninguém, [por] poder escolher. Isso encheu meus olhos e o dinheiro também. Consegui uma faculdade ótima, qualidade de vida ótima, sem pedir nada a ninguém. Já teve mês que ganhei mais que um 1 médico.”, relatou.
Naquela terça-feira (7) em que decidiu sair com um dos jogadores do Cuiabá Esporte Clube para um motel na saída para Chapada dos Guimarães, a modelo disse que não esperava que a história fosse terminar assim. “Meu programa com eles foi um infortúnio necessário para que eu mudasse de eixo. [Estava] feliz da vida e racional até acontecer isso, sem justa causa”, finalizou.
Neste momento, o caso é investigado pela Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Cuiabá e, por isso, Danielle não pode compartilhar informações que tenham relação com o processo. Conforme a Polícia Civil, porém, a estudante já foi ouvida e outras ações estão em andamento para coletar mais informações.
Jogador que confessou envolvimento foi afastado do Clube
Nesta quinta-feira (9), o Cuiabá publicou nota comunicando a saída de Cleyson Henrique da Silva Vieira do time após ele confirmar o envolvimento no caso. No documento, a equipe disse que a conduta fora dos campos do jogador é inaceitável e, por isso, foi realizado o encerramento do seu vínculo.
“O atleta, que pertence ao E.C. Bahia, foi excluído ontem mesmo do grupo que enfrenta hoje o Santos, na Vila Belmiro, pela última rodada do Campeonato Brasileiro”, disse o clube.
Sobre Rafael Gava, jogador que foi apontado no boletim de ocorrência como o envolvido na agressão, o Cuiabá disse que ele afirmou estar em casa com familiares na data do crime. Essa versão foi atestada por Cleyson.
“Conforme já foi esclarecido na própria nota oficial do Cuiabá EC, reafirmo que no momento do episódio, estava em casa com os meus familiares”, disse o jogador do Dourado.
Gava ainda se colocou à disposição para qualquer investigação que venha a ser realizada pelas autoridades competentes. “Esclareço que sou expressamente contra a toda e qualquer violência e assédio, especialmente contra as mulheres”.
O caso
Danielle denunciou ter sido agredida por um jogador do Cuiabá Esporte Clube na madrugada da última terça-feira (7), em um quarto do Motel Calla, localizado na avenida Monte Líbano, saída para Chapada dos Guimarães. Na ocasião, ela afirmou que o esportista teria quebrado uma garrafa e a perfurado enquanto ela e mais duas mulheres prestavam serviços sexuais.
De acordo com o boletim de ocorrência, os militares se deslocaram até o Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) por volta de meio-dia de quarta (8). No local, foram informados pela modelo que ela teria sido golpeada com uma garrafa, que teria sido utilizada pelo jogador.
Ainda segundo o testemunho, na ocasião, a estudante pediu um Uber e conseguiu deixar o local, se dirigindo a um hotel que fica próximo à Boate Cristal. Lá, ela, então, ingeriu comprimidos de medicamento psiquiátrico indicado para tratamento de ansiedade generalizada e síndrome do pânico.
Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) esteve no hotel e encaminhou a mulher para o HMC, onde esteve internada até esta sexta-feira (10).
CVV
O Centro de Valorização a Vida (CVV) presta serviço voluntário e gratuito de prevenção do suicídio e apoio emocional para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. Os cerca de 3 milhões de atendimentos anuais são realizados por 3.000 voluntários em 104 postos de atendimento pelo telefone 188 (sem custo de ligação), ou pelo www.cvv.org.br via chat ou e-mail. A entidade realiza também ações presenciais, como palestras, cursos e grupos de apoio a sobreviventes do suicídio – GASS (https://www.cvv.org.br/cvv-comunidade/).
Sobre suicídio
O suicídio é um problema de saúde pública que mata pelo menos um brasileiro a cada 45 minutos, mais do que a Aids e muitos tipos de câncer, porém pode ser prevenido em 9 de cada 10 casos. O movimento Setembro Amarelo, mês mundial de prevenção do suicídio, iniciado em 2015, visa sensibilizar e conscientizar a população sobre a questão – www.setembroamarelo.org.br
Fonte: Olhar Direto