Uma lista com dezenas de nomes indicados por vereadores e pessoas ligadas à gestão do prefeito afastado Emanuel Pinheiro (MDB) para cargos na Secretaria de Saúde foi entregue ao Ministério Público Estadual (MPE).
O ofício datado de 30 de maio de 2017 consta em investigação da 9ª Promotoria de Justiça Civil, do Núcleo do Patrimônio Público da Capital.
Emanuel é investigado o âmbito da Operação Capistrum por conta de uma suposta organização criminosa montada para acomodar indicações de políticos em cargos na Saúde sem que essas pessoas tivessem qualificação para a área.
O documento lista 45 pessoas com os dizeres “indicado por”, seguidos do nome de vereadores ou agentes políticos ligados ao prefeito.
O documento é assinado por Elizeth Araújo, que era secretária de Saúde à época, e foi encaminhado ao então secretário-adjunto de Governo Oseas Machado. Aquele era o primeiro ano da gestão de Emanuel no Palácio Alencastro.
A reportagem entrou em contato com a ex-secretária Elizeth, que explicou que o “modus operandi” de contratação na gestão era feito por meio da Secretaria de Oseas Machado.
Currículos eram entregues ou deixados na Secretaria e eram mandados para conhecimento da secretaria-adjunta
“Esse era o fluxo determinado pela gestão do prefeito. Toda contratação ou nomeação se concentrava na Secretaria Adjunta de Governo. Currículos eram entregues ou deixados na Secretaria e eram mandados para conhecimento da Secretaria Adjunta. Por isso, eu insistia na urgência do processo seletivo público”, afirmou.
Ela ainda destacou que não sabe se todas as indicações feitas pelos políticos eram efetivadas.
Elizeth, que assumiu o cargo em janeiro de 2017, pediu demissão em março de 2018 por discordar de práticas na adotadas em sua Pasta.
Vereadores, deputados e secretários
A lista de indicações foi feita por vereadores, deputados e secretários de Emanuel. Apenas as indicações referentes ao vereador Doutor Xavier (PTC) foram 18.
O segundo nome que mais aparece na lista é do atual deputado Elizeu Nascimento (PSL), à época vereador. Ele indicou oito nomes.
Há ainda indicações do deputado estadual Sebastião Rezende (PSC), dos vereadores Marcrean Santos e Mario Nadaf (PV), que é o atual líder de Emanuel na Câmara.
Consta ainda na lista, indicações da atual secretária de Educação, à época adjunta, Professora Edilene Machado; do descrito como “secretário Milton”, que seria Milton Correa, adjunto na Saúde; “Zito”, que seria Zito Adrien, secretário de Planejamento; e de Antônio Possas de Carvalho, correligionário de Emanuel no MDB e secretário afastado de Saúde.
Há ainda indicação descrita como “filho do Marco Aurélio –TCE”; e “Wiltinho”, que seria Wilton Coelho, que atuava como adjunto na Secretaria de Governo de Emanuel e é filiado ao PTB, um dos partidos da base de Emanuel.
Veja o documento:
Ordem de prioridade
Em uma das papeladas entregues, consta o nome de nove pessoas que seriam indicadas “por ordem de prioridade” e apontava até o horário em que a pessoa deveria atuar. Ela tem um visto, escrito à mão, “lista do Wiltinho”.
O papel está descrito como “lista dos vigilantes noturno e diurno a serem contratados: (por ordem de prioridade)”.
Veja:
Esquema na Saúde
A Operação Capistrum apura a existência de uma organização criminosa montada para acomodar indicações de políticos em cargos da Secretaria da Saúde.
Além do o prefeito de Cuiabá, a secretária-adjunta de Governo e Assuntos Estratégicos, Ivone de Souza, também foi afastada e o chefe de gabinete, Antônio Monreal Neto foi preso.
Também são alvos da operação a primeira-dama Márcia Pinheiro, e o ex-coordenador de Gestão de Pessoas da Secretaria Municipal de Saúde, Ricardo Aparecido Ribeiro.
Ainda foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas residências dos alvos e na Prefeitura de Cuiabá. Eles ainda tiveram o sequestro de bens decretado até o montante de R$ 16 milhões.
O Ministério Público Estadual aponta que Emanuel e os demais estariam envolvidos em crimes de formação de organização criminosa, prevaricação e obstrução da Justiça.
Fonte: Mídia News